AMOR, SOMENTE O AMOR
Amor
só
tu, amor, tens o direito supremo de penetrar
no jardim florido de meu
peito, em loucos delírios,
e
viver, para sempre, no reino encantado da poesia.
Só
tu,
amor, que desces em longas espirais das brancas estrelas
do
infinito em ondas de energia, luz e paz,
és
capaz de estraçalhar fibras e moléculas de meu coração,
em
preces de devoção e renúncia, em cântico dos cânticos
na
sinfônica natureza em noite enluarada.
Só
tu,
amor, jorrando dos olhos verdes da mulher amada,
tens
o poder real e sacrossanto de levar lágrimas virgens
a
meus olhos tristes, fiel escravo da mãe natureza,
no
seu mais puro êxtase.
Só
tu, amor, só tu e
ninguém mais, na comédia do mundo,
és
capaz de transformar meu espírito de mendigo a Rei
e
de Rei a mendigo, de transformar em meu peito
o
triste no belo e o belo no triste, na lógica reação
da
mais sublime e terna emoção... “o amor”...
Só
tu,
amor, só tu conseguiste a unificação do homem na terra azul,
só
tu foste capaz de mover a roda da história
de
encontro ao futuro, só tu foste o fecundador
do
espírito de Deus, antena de luz e paz. . . ternura d’alma...
Só
tu, amor, foste o dínamo
propulsor do gênio de meu viver...
se
vivo é só na louca esperança de um dia poder encontrar-te,
em
êxtase, na fascinação que produz os lábios vermelhos
da
loura virgem de olhos azul-atlântico.
Só
tu,
amor, unificaste o universo e na tua forçagravitacional
giram
todas as brancas estrelas do infinito.
Tu
foste para mim, amor, a
beleza, o ideal perfeito,
o anjo bom de brancas
asas que, descendo do céu azul
foste capaz de
arrebentar fibras de meu peito solitário
em loucos suspiros de
renúncia e perdão.
Só
tu, amor, só tu nascerás
pela manhã numa canção
de luz e paz, sob o
gorjeio sinfônico da passarada em festa
e
renascerás triunfante na solidão da madrugada.
Só
tu,
amor, só tu e ninguém mais foste tanto para mim,
quando
procurando te encontrei no gorjear do sabiá,
em
tardes douradas, embriagando-me na tua doce sinfonia;
foste o tudo e o nada,
quando buscando-te não te encontrei
na
solidão das noites frias e sem luar.
Eu
te
amo, amor, tu que és ondas de energia e luz,
porque
eu e tu somos gêmeos, somos unidade em espírito
e
carne, na luz infinita e imortal do universo,
que
borda em mil sonhos a força potente e dinâmica
de
minh’alma pioneira... foste tu, amor, só tu, amor,
que
habitas o sorriso infantil das rosadas crianças
infantes
do futuro, que amo acima de todos os altares,
na
catedral florida de meus sonhos,
perdidos
na amplidão do firmamento eterno.
Foste
tu,
amor, que germinaste o galopar do vento errante,
que
corre qual louco corcel pelas verdes campinas em festa.
Foste
tu,
amor, que ao cair das tardes morenas, sob o gorjear
da
triste araponga, vai levar de mansinho o teu doce beijo
às
flores silvestres nos jardins coloridos da serra.
Foste
tu,
amor, só tu, amor, que fecundaste a natureza, criando vida,
multiplicando
existência, gerando o presente,
o
passado e o futuro... só tu, amor,
só
tu que nas louras primaveras foste capaz de fecundar
verdes
campos em flor com teu hálito divino;
só
tu borda em mil contrastes a sublimidade dos verdes bosques
e tornas o chão salpicado de mil cores, folhas mortas,
vermelhas
e amarelas, que caem das árvores frondosas
no
jardim da existência, fonte de todo amor da vida,
germe
de tudo e do nada... Só tu, amor,
no
calor de tua humildade levas o fogo da felicidade
a
todos aqueles que, em tardes musicadas,
sob
o gorjear da passarada, se querem, se abraçam, se beijam,
incendiando
o espírito, à sombra fresca dos laranjais.
Só
tu,
amor, só tu irás acompanhar-me ao derradeiro abrigo
em
túmulo frio, onde eu e tu, na unidade da essência universal,
fecundaremos
com o germe de nosso ser estrelas solitárias
na
eternidade do infinito, gerando mil sóis a iluminarem
o
universo de Deus.
Siomar Rodrigues de Sousa
Siomar Rodrigues de Sousa
Paixão, amor, o deslumbre emocional com palavras frenéticas ao momento.
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