Jornal Correio de Uberlândia
12/01/2014 10:33
Siomar Rorigues de Souza é
poeta, historiador e outras coisas mais
Eliane Neves Repórter
Nascido no distrito de Cruzeiro dos Peixotos, no município de
Uberlândia, no ano de 1940, Siomar Rorigues de Souza reúne muitos feitos ao
longo dos seus 73 anos de vida. Ele é poeta e historiador, fundou a academia de
letras do Brasil Central e a academia uberlandense, fundou em Uberlândia os
partidos do MDB (atual PMDB), PTB e PSC e foi candidato a prefeito da cidade e
deputado estadual lançado por Tancredo Neves. Continua a preferir a cidade para
morar dentre outras que conheceu no Brasil e sofreu com a perseguição militar
que o manteve afastado de Uberlândia por oito anos.
Siomar Rodrigues de Souza foi fundador da academia
de letras do Brasil Central e da academia uberlandense (Foto: Cleiton Borges)
“Quando nasci, havia 40 mil habitantes em Uberlândia e lembro-me que
adoravam tomar banho num córrego onde hoje fica um viaduto sobre a Rondon
Pacheco, o Viaduto Pastor José Braga da Silva”, disse Souza.
Para o poeta, na década de 1960, havia mais qualidade nos divertimentos
da cidade do que nos dias atuais. “Hoje as pessoas só frequentam os shoppings,
mas, antigamente, os bailes nos clubes eram maravilhosos e nós encontrávamos
amigos e conhecíamos novos.” Souza afirmou que o Praia Clube recebeu as melhores
orquestras do Brasil e, também, o cantor Julio Iglesias. “A alta sociedade se
reunia com as melhores vestimentas nas festas de gala que aconteciam com
frequência.”
Dos cinemas de Uberlândia, Siomar tem boas e más lembranças. Segundo
ele, esses locais eram os mais frequentados pelos jovens da cidade em sua
adolescência. “Eram os poucos lugares em que as moças tinham permissão para
irem e, então, aproveitávamos para encontrar nossas namoradinhas.”
Depredação
No ano de 1958, um episódio inusitado provocou um quebra-quebra dos
cinemas. Souza disse que o valor do ingresso para o cinema aumentou o dobro e
isto causou revolta entre as pessoas que estavam na fila para entrar no Cine
Uberlândia (tinha capacidade para 2,2 mil pessoas, localizado onde hoje é um
estabelecimento bancário na região central de Uberlândia, próximo à praça Tubal
Vilela). Todos concordaram em não pagar o valor pedido e o dono do
estabelecimento chamou a polícia. “Quando os homens fardados chegaram, o
primeiro que estava na fila recebeu uma bofetada no rosto. Mas, um homem que
viu a situação partiu em defesa dos jovens e agrediu o policial. Aí foi o
estopim para a confusão.”
Neste momento, todo o cinema foi quebrado, inclusive, as cadeiras foram
arrancadas. Segundo Souza, os quatro cinemas da cidade foram depredados naquele
dia por causa da revolta popular.
Cultura
No ano de 1965, Siomar Rorigues de Souza fundou a Academia de Letras do
Brasil Central, que abrange os estados de Goiás, Minas Gerais, Distrito Federal
e a região do Triângulo Mineiro. “Esta Academia nasceu da rivalidade com a
cidade de Uberaba que criou primeiro a Academia de Letras do Triângulo
Mineiro”, disse Souza sob gargalhadas.
A Academia de Letras do Brasil Central continua em pleno funcionamento e
segundo o fundador, tem nomes ilustres nas cadeiras como, Juscelino Kubitschek,
Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso. E entre os
munícipes tem Jacy de Assis.
O poeta Siomar Rorigues de Souza lembra ainda que Uberlândia já sediou o
segundo maior festival de dança do país por dez anos consecutivos. “Acontecia
nas praças ou em bairros e, também, já foi apresentado no UTC (Uberlândia Tênis
Clube), mas acabou e nunca mais tivemos aquela maravilha de novo”, afirmou.
Ainda segundo ele, na década de 1950, existiu o Carnaval mais animado
que a cidade já viu. As pessoas se divertiam na avenida Afonso Pena como
queriam ao som de grupos que batiam latas. “Era maravilhoso e a multidão tomava
a rua até o Fórum. O povo quer esta espontaneidade de novo.”
Personalidades
Para Siomar Rorigues de Souza, a atuação de algumas pessoas renomadas na
cidade de Uberlândia teve papel fundamental para a construção e o progresso
como, Alexandrino Garcia, Alair Martins, Dilson Pereira (“atual dono do Center
Shopping, que eu vi vender laranjas nas partidas de futebol”, disse Souza),
Anjo Naghetini (que foi o primeiro fotógrafo da cidade e também, montou a
primeira funerária e a primeira ótica) e o presidente Juscelino Kubitschek.
Segundo Souza, por causa da construção de Brasília foi criada uma rota por
Uberlândia, onde passavam pessoas de inúmeras partes do Brasil e do exterior
destinadas à futura capital do Brasil. Parte delas resolveu se instalar na
cidade e assim aconteceu a primeira contribuição de Juscelino Kubitschek para a
formação de Uberlândia.
Siomar Rodrigues de Souza também tem boa recordação do Uberlândia
Esporte Clube, time de futebol da cidade no qual jogou como atacante por um ano
e meio, por volta de 1955. Segundo ele, Uberlândia era menor que Uberaba e
Araguari, mas como time de futebol disputava as competições no mesmo nível dos
adversários, o que aumentava a rivalidade. “Era um ótimo time, espero que o
futebol uberlandense volte a brilhar como antes.”
Ditadura Militar
Ditadura Militar
Ele afirma que, em 1967, foi obrigado a sair de Uberlândia e se refugiar
em Brasília porque insistia em defender Juscelino Kubitschek contra Castelo
Branco. “Eu tinha a coragem que ninguém tinha de falar na TV a favor de
Juscelino.” Souza se refere à TV Triângulo, primeira filiada da Rede Globo em
Uberlândia, onde, segundo conta, teve o primeiro programa político e o primeiro
programa cultural feitos por ele.
Sobre o período da Ditadura Militar, ele prefere não mencionar e só
conta do retorno a Uberlândia em 1975 quando se casou com Marta Helena Manzini,
filha de Anjo Naghetini.
Link para reportagem: http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/siomar-rorigues-de-souza-e-poeta-historiador-e-outras-coisas-mais/
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